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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

FUTEBOL DE 5 NA REABILITAÇÃO DO CEGO



O objetivo desse artigo é ampliar e orientar o futebol de 5 na reabilitação do cego e sua inclusão na sociedade através do desporto. 

    Na sociedade moderna em que vivemos, onde recebemos estímulos visuais a todo instante, a pessoa com deficiência visual além de encontrar-se em desvantagem, ainda sofre com muitas dificuldades nos seus aspectos motor, social e emocional (JUNIOR & SANTOS, 2007). A inclusão social é o principal papel e fundamental na reabilitação do cego. Não é porque o sujeito é cego que está fadado a não ter sucesso na vida. Através da prática do esporte, o deficiente visual sente que pode se dedicar, ser bom e ter sucesso na vida e ver seus sentidos e valências melhorados, tanto quanto quem enxerga.

O esporte é igual para todos e assim torna-se ferramenta indispensável para que a sociedade perceba o potencial do deficiente. Como trabalhar com materiais alternativos e locais impróprios.

    Capacitar os profissionais de educação física a trabalhar com futebol de 5 nas escolas clubes aonde for possível trazendo atividades e informações sobre a modalidade.

1.     Deficiente

Muitos consideram que a palavra 'deficiente' tem um significado muito forte, carregado de valores morais, contrapondo-se a 'eficiente'. Levaria a supor que a pessoa deficiente não é capaz; e, sendo assim, então é preguiçosa, incompetente e sem inteligência. A ênfase recai no que falta, na limitação, no 'defeito', gerando sentimentos como desprezo, indiferença, chacota, piedade ou pena.

    Esses sentimentos, por sua vez, provocam atitudes carregadas de paternalismo e de assistencialismo, voltadas para uma pessoa considerada incapaz de estudar, de se relacionar com os demais, de trabalhar e de constituir família. No entanto, à medida que vamos conhecendo uma pessoa com deficiência, e convivendo com ela, constatamos que ela não é incapaz. Pode ter dificuldades para realizar algumas atividades mas, por outro lado, em geral tem extrema habilidade em outras. Exatamente como todos nós. Todos nós temos habilidades e talentos característicos; nas pessoas com deficiência, essas manifestações são apenas mais visíveis e mais acentuadas. Diante disso, hoje em dia se recomenda o uso do termo 'pessoa portadora de deficiência', referindo-se, em primeiro lugar, a uma pessoa, um ser humano, que possui entre suas características (magra, morena, brasileira etc.) uma deficiência – mental, física (ou de locomoção), auditiva ou visual.

2.     Deficientes visuais

    No entanto, convém, em primeiro lugar, compreender o significado de deficiência visual ou de cegueira. O termo deficiente poderia induzir à idéia de que se trata de uma pessoa não eficiente, cujas capacidades são limitadas. Isso não é verdade: a convivência com essas pessoas, que apresentam características diferentes de grande parcela da população, rompe com esse tipo de preconceito ao mostrar que são pessoas tão ou mais inteligentes do que as outras e tão ou mais esforçadas do que as outras. As deficiências de cunho visual cobrem um grande leque de possíveis distúrbios da visão, podendo atingir à cegueira total. No que se refere às atividades cotidianas, há um mito que de essas pessoas não podem fazer as mesmas atividades que todas as outras. A própria prática do futebol para cegos é um exemplo desse mito.

2.1.     Conseqüências

    A cegueira adquirida ocasiona perda de identidade. Segundo Thomas J. Carroll ocorrem: Perdas básicas em relação à segurança psicológica; Perdas nas habilidades básicas (mobilidade e técnicas da vida diária); Perdas na comunicação; Perdas na apreciação (percepção visual do belo); Perdas relacionadas à ocupação e situação financeira; Perdas que implicam na personalidade como um todo (autoestima, adequação social, independência pessoal, etc.).

2.2.     Mitos
    Educação especial e a reabilitação possibilitam a superação de muitas de suas dificuldades. Não sinta pena dela. Ela não necessita Procure não encarar a cegueira como desgraça, nem pensar que a pessoa cega seja inútil e incapaz. Saiba que a de piedade, mas, sim, de oportunidades.

    Cegueira não pega, algumas pessoas hesitam em tocar o cego, com medo de serem contagiadas pela "doença". A cegueira é uma deficiência sensorial, não é uma enfermidade. E deficiência não passa de uma pessoa para outra. Você já viu alguém "pegar" surdez?

    O famoso sexto sentido. Não pense que os cegos têm um sexto sentido ou que a natureza os compensou pela falta da visão. O que há de tão "surpreendente" nos cegos, é o simples desenvolvimento de recursos latentes em todos nós. Você, com o mesmo treinamento, serão tão "extraordinários" quanto eles!

3.     Histórico do Futebol de 5

    Existem relatos que no Brasil na década de 50, cegos jogavam futebol com latas ou garrafas, mais tarde, com bolas envolvidas em sacolas plásticas, nas instituições de ensino e de apoio a estes indivíduos, como o Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, Instituto Padre Chico, em São Paulo, Instituto São Rafael, em Belo Horizonte. Em 1978, nas Olimpíadas das APAEs, em Natal, aconteceu o primeiro campeonato de futebol com jogadores deficientes visuais no Brasil. A primeira Copa Brasil foi em 1984, na capital paulista. Contudo, o IPC - Comitê Paraolímpico Internacional reconhece como primeiro campeonato entre clubes, o acontecido na Espanha, em 1986.

    Na América do Sul, apesar da realização de alguns torneios anteriores, o primeiro reconhecido e organizado pela IBSA foi a Copa América de Assunção, em 1997, onde o Brasil foi o grande campeão. Participaram quatro seleções: Brasil, Argentina, Colômbia e Paraguai. O primeiro mundial aconteceu no Brasil, em 1998, em Paulínia, São Paulo. O Brasil foi o primeiro campeão mundial, vencendo a Argentina na final. A participação do futebol de 5 nos Jogos Paraolímpicos aconteceu, pela primeira vez, em Atenas, 2004. Também, neste evento, o Brasil foi o campeão, ao superar, nos pênaltis, os argentinos por 3 a 2.

4.     O jogo 
4.1.     Regras

     As regras são, de modo geral, as mesmas utilizadas no futebol de salão convencional. Algumas daquelas que diferem são: dois tempos de 25 minutos, sendo os dois últimos de cada tempo cronometrados e um intervalo de 10 minutos; uma pequena área de onde o goleiro não pode sair para realizar defesa nem pegar na bola de cinco por 2 metros; após a terceira falta, é cobrado um tiro livre da linha de 8 metros ou do local onde foi sofrida a falta.

4.2.     Equipe

    Cada time é formado por cinco jogadores: um goleiro, que tem visão total e quatro na linha, totalmente cegos e que usam uma venda nos olhos para deixá-los todos em iguais condições, já que alguns atletas possuem um resíduo visual (vulto) que dão, nesta modalidade, alguma vantagem a estes.

4.3.     Quadra

    O futebol de cinco é exclusivo para cegos. As partidas normalmente são em uma quadra de futsal adaptada com uma banda lateral (barreira feita de placas de madeira que se prolonga de uma linha de fundo a outra, com 1metro e meio de altura, em ambos os lados da quadra, evitando que a bola saia em lateral, a não ser que seja por cima desta), mas desde os Jogos Paraolímpicos de Atenas também vem sendo praticado em campos de grama sintética, com as mesmas medidas e regras do futebol de salão.

4.4.     Terço

    Este terço é determinado por uma fita que é colocada na banda lateral, dividindo a quadra em três partes: o terço da defesa, onde o goleiro tem a responsabilidade de orientar; o terço central, onde a responsabilidade é do técnico e o terço de ataque, onde a responsabilidade da orientação é do chamador.

4.5.     Chamador

    Há ainda um guia, o Chamador, que fica atrás do goal, orientando o ataque de seu time, dando a seus atletas a direção do goal, a quantidade de marcadores, a posição da defesa adversária, as possibilidades de jogada e demais informações úteis. É o chamador que bate nas traves, normalmente com uma base de metal, quando vai ser cobrada uma falta, um pênalti ou um tiro livre. Contudo, o chamador não pode falar em qualquer ponto da quadra, e sim, quando seu atleta estiver no terço de ataque.

4.6.     Bola

    A bola possui guizos, necessários para a orientação dos jogadores dentro de quadra. Daí a necessidade do silêncio durante o andamento da partida. Através do som emitido pelos guizos, os jogadores podem identificar onde ela está de onde ela está vindo e podem conduzi-la.

4.7.     Torcida

    A modalidade, ao contrário do futebol convencional, deve ser praticada em um ambiente silencioso. A torcida, bastante desejada nesta modalidade, deve se manifestar somente quando a bola estiver fora do jogo: na hora do goal, em faltas, linha de fundo, lateral, tempo técnico ou qualquer outra paralização da partida.

4.8.     Voy

    Ao contrário do que se imagina, a modalidade tem muitas jogadas plásticas, com jogadas de efeito inclusive. Muitos toques e chutes a goal. Os jogadores são obrigados a falar a palavra espanhola Voy (vou em português), sempre que se deslocarem em direção a bola, na tentativa de se evitar choques. Quando o juiz não ouvir, ele marca falta contra a equipe cujo jogador não disse o Voy.

4.9.     Divisões dos atletas do futebol de 5

    Os atletas são divididos em três classes que começam sempre com a letra B (blind, cego em inglês).

·     B1 – Cego total: de nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos até a percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância ou direção.

·         B2 – Jogadores já têm a percepção de vultos. Da capacidade em reconhecer a forma de uma mão até a acuidade visual de 2/60 e/ou campo visual inferior a 5 graus.

·         B3 – Os jogadores já conseguem definir imagens. Da acuidade visual de 2/60 a acuidade visual de 6/60 e/ou campo visual de mais de 5 graus e menos de 20 graus.

5.     Orientações ao se ministrar aulas de Futebol de 5

    O desenvolvimento de um programa de Futebol de 5 para indivíduos com deficiência visual, deve levar em conta algumas características que esse aluno possui como conseqüência de sua limitação.

    Problemas posturais, na marcha, na coordenação motora, na movimentação, na socialização etc., são algumas dessas conseqüências. Mas o que é mais prejudicial no processo de desenvolvimento motor de uma criança deficiência visual é a restrição de oportunidades (FILHO et al, 2006). Restrição essa causada pela superproteção da família, professor e estranhos, que acham que o deficiente visual não é capaz de realizar coisas, e acabam reduzindo as oportunidades desses indivíduos em explorar o ambiente, e acabam ensinando-os que são incapazes e totalmente dependentes, o que certamente gera atrasos em suas capacidades de percepção, de cognição e de movimentos (WINNICK, 2004).

    O Futebol de 5 servirá justamente como um campo de estimulação, buscando compensar esses déficits, de forma que esses alunos possam adquirir mais autoconfiança, através do conhecimento de seu próprio corpo, como diz Cutsforth (1969), citado por Junior e Santos (2007), que para a criança que possui visão normal se desenvolver, ela precisa de um campo de estimulação cada vez maior, e já criança deficiência visual, deve buscar esse campo de estimulação no seu próprio corpo. A partir daí ela começa a descobrir seu meio ambiente, descobrindo em si mesma o que as outras crianças de visão normal encontram no ambiente: a motivação e o estímulo para realizar qualquer tipo de ação.

    Como o deficiente visual passa a utilizar mais da sua habilidade de percepção, ele precisa adquirir mais habilidade motora, tanto para sua locomoção quanto para manipulação.

    Esse tipo de deficiência gera comprometimentos e problemas psicomotores, levando também a descontroles no lado psicológico. Isso o faz se sentir mais dependente, inseguro, com medo de situações que não sejam conhecidas, isolamento social, sensação de incapacidade diante de atividades motoras, o que o tornará diferente do grupo. Diante disso, mais do que incentivos para superar as dificuldades é necessário que seja estabelecido métodos e ações para se trabalhar com esse público (JUNIOR & SANTOS, 2007).

    Para atender a um planejamento que realmente tenha utilidade na prática das aulas, e realizar um trabalho efetivo com alunos deficiência visual, segundo Caderno Texto do Curso de Capacitação de Professores Multiplicadores em Educação Física Adaptada (2002, p.78): "É importante que o professor de Educação Física, juntamente com outros profissionais da escola, saiba identificar os distúrbios de comportamentos (...), de percepção e de motricidade apresentados pela criança para poder direcionar seu planejamento de ensino às suas necessidades".

    Para Diehl (2006), geralmente as crianças deficiência visual por possuírem uma educação geral não muito adequada e pouca estimulação, apresentam um desempenho inferior na parte motora, cognitiva e social-afetiva, comparando-se com aquelas que não possuem essa deficiência. E devido a ela, aparecem algumas defasagens psicomotoras, como: esquema e imagem corporal, mobilidade, marcha, locomoção, expressão facial e corporal, coordenação motora, direcionalidade, lateralidade, maneirismos, dificuldade de relaxamento etc. Vale ressaltar que as dificuldades a nível cognitivo é uma situação conjuntural e não estrutural. Isso porque há limitação na captação de estímulos, nas experiências práticas, e na falta de relação entre o objeto percebido visualmente e a palavra.

    Como forma de compensação, a percepção auditiva e tátil se torna mais apurada. E para atividades motoras se faz necessário estímulos através de informações sonoras e táteis, percebidas através do sentido sinestésico, do toque.

    Uma atenção especial a ser desenvolvida na aula de Futebol de 5 é um trabalho de orientação e mobilidade, já que a locomoção é uma tarefa complicada para muitos deficientes visuais. A orientação refere-se ao uso dos sentidos remanescentes para estabelecer a posição do corpo relacionando-o com o ambiente e seus objetos; e mobilidade refere-se à resposta através do movimento a estímulos internos e externos.

    Distúrbios de ordem motores, perceptivos e comportamentais se referem a movimentos inquietos, movimentos limitados, movimentos retardados, rígidos e sem energia, falta de equilíbrio, distúrbios de concentração. Os perceptivos referem-se à falta e orientação espaço-temporal, no esquema corporal, falta de percepção de formas e estruturas, e comportamentais como medo, agressividade, indiferença e grande necessidade de contato físico.

    Estar atento a esses sintomas irá permitir ao professor elaborar melhor seu trabalho, fazendo sempre que necessárias avaliações para poder melhorar sua prática e atender melhor o seu grupo.

    Ao realizar um trabalho com alunos PNEE, o professor deve ser paciente, não acumulando muita expectativa em obter resultados imediatos, pois ele deve levar em conta se esse aluno possui ou não alguma experiência no seu repertório motor, para que também não o coloque numa situação em que ele se sinta frustrado por não conseguir realizar o que tenha sido proposto. E também incentivar, dar apoio a cada atividade que ele consiga realizar, para que haja progressos no seu trabalho nas aulas de Futebol de 5.

    O sentimento de competência que surge dos subseqüentes microêxitos constrói as condições das quais decorrerá o êxito final de um desempenho prolongado. O sentimento de incompetência surgido de pequenos fracassos, ao contrário, tende a originar estados de ansiedade e de depressão dos quais decorrem alterações (...) corroendo o rendimento e a eficácia do desempenho (FONSECA, 2004, p.140).

    É necessário estar atento ao ambiente que será oferecido a esse aluno, para que ele se sinta mais seguro, permitindo também ao professor evitar riscos durante as aulas. Cidade e Freitas (2002, p.2) enfatizam que:

    No caso de deficiência visual, o professor deverá assegurar-se de que o aluno esteja familiarizado com o espaço físico, percursos, inclinações do terreno e diferenças de piso. Estas informações são úteis, pois previnem acidentes, lesões e quedas. É importante que toda instrução seja verbalizada, dando possibilidade para que o aluno com deficiência visual entenda a atividade proposta.

    É importante que se tenha atenção à alguns cuidados nas aulas com aluno deficiência visual para que se evitem possíveis problemas com no andamento da aula. O professor deve estar ciente de que o comando verbal é o primeiro contato para boa relação com o aluno e aluno-aluno; explicar de forma clara e objetiva; não mudar o local da atividade, para que o aluno não perca a direção da origem da informação; quando o comando verbal não for suficiente, passar as informações através do tato; incentivar autonomia, orientando sobre o espaço físico onde estão os materiais da quadra, para que organize seu mapa mental (DIEHL, 2006).

    Incluir o aluno deficiência visual nas atividades é considerar o seu potencial e limitações, mesmo que seja necessário reestruturar os conteúdos. Em se tratando do próprio corpo, numa visão de que ele é autônomo, mas que também depende do outro, deve significar para o aluno que ele não apenas tem um corpo, mas que é um corpo, e que esse corpo se integra ao meio, ou seja, ao ambiente e as pessoas, relacionando-se com o meio físico, social e cultural (DARIDO E RANGEL, 2005).

6.     Um Modelo de aula de Futebol de 5

    Com essa aula o aluno poderá aprender um pouco mais sobre o "futebol de cinco", modalidade para-olímpica para deficientes visuais, semelhante ao futsal. Além disso, irá vivenciar atividades que estimulam a sensibilização e a consciência corporal, pois estimulam o aluno a utilizar outros sentidos, que não a visão, para se orientar no espaço e para orientar sua ação com a bola. Outro objetivo é possibilitar o toque, o respeito e o cuidado com o outro.

    Duração das atividades duas aulas de 50 minutos Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno, não são necessários.

Estratégias e recursos da aula
Atividade I: 25 minutos

    Em uma sala com recurso para reprodução de vídeo, os alunos receberão vendas e serão provocados a prestar atenção no vídeo, estando de olhos vendados. O vídeo possui o recurso do áudio descrição, desenvolvido para facilitar a compreensão de deficientes visuais. Em seguida, eles poderão observar o mesmo vídeo, utilizando também a visão. É importante que os alunos comentem sobre esta experiência, suas emoções e sensações.

Atividade II: 25 minutos

    Na quadra, pedir que os alunos façam duplas A cada rodada, uma pessoa da dupla é vendada e conduzida através do espaço por seu par, buscando reconhecer os sons e as sensações do ambiente. É muito importante ressaltar nesse momento a necessidade de confiança no colega e a responsabilidade de quem esta guiando, pois seu (a) parceiro (a) pode se machucar caso esbarre em alguém, em algum objeto ou tropece em algo. Cada um deve ter a oportunidade de reconhecer as distâncias da quadra os sons produzidos pelas traves.

Atividade III: 25 minutos

    Nesse momento, cada dupla receberá uma bola embrulhada em uma sacola plástica, para que o seu som seja melhor percebido. Uma pessoa da dupla ficará vendada e deverá lançar a bola rasteira para o seu colega, seguindo as orientações do mesmo. . Depois, a mesma pessoa vendada deverá lançar a bola com os pés a uma curta distância para o seu colega. Na seqüência, a pessoa vendada deverá tentar acertar o passe para o colega comum lançamento mais longo, ou ainda, tentar conduzir a bola por uma curta distância até chegar perto do colega. Como último desafio, as duplas deverão tentar trocar passes a uma curta distância, estando ambos de olhos vendados.

Atividade IV: 20 minutos

    Na última atividade, a turma será dividida em quatro equipes e será realizado um mini torneio de pênaltis, onde somente os goleiros estarão sem vendas.

Avaliação: 10 minutos

    A avaliação deverá ser construída em uma discussão final do grupo e poderá ser desenvolvida seguindo a linha das atividades propostas, ou seja, em uma assembléia onde todos estejam vendados e com uma calma música instrumental ao fundo.

7.     Reabilitação, inclusão e sociedade

    Os alunos com deficiência aprendem: melhor e mais rapidamente, pois encontram 

Fonte: www.educacaofisicaa.net 


terça-feira, 30 de outubro de 2012

I ENCONTRO DE DANÇA DO PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO

O Governo Cuidando de Nossa Gente, através da Secretaria Municipal de Educação e Esportes convida toda a comunidade bonfinense para prestigiar o espetáculo de dança " O encontro das expressões em movimento" que acontecerá nesta quinta-feira dia 01 de novembro do corrente ano no Centro Cultural Ceciliano de Carvalho à partir das 18:00 horas,trata-se do encontro das escolas municipais de Senhor do Bonfim que desenvolvem aulas de dança com seus alunos através do Programa Mais Educação.

O objetivo do encontro é mostrar as qualidade dos alunos e as conquistas alcançadas pelos mesmos dentro das escolas com o tema dança, nos seus diferentes rítimos, expressões e figurinos. Será um um movimento coletivo que só pode acontecer com o apoio de todos os envolvidos no Programa Mais Educação.


Toda a comunidade bonfinense está convida para perestigiar este importante evento, a entrada será franca.



Equipe Programa Mais Educação

domingo, 21 de outubro de 2012

SALVADOR RECEBE COMPETIÇÃO INTERNACIONAL DE TÊNIS A PARTIR DA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA


Foto_Paulo_Neves_Ascom_SudesbAs quadras do Costa Verde Tennis Clube, em Piatã, na capital baiana, servirão como palco para as partidas da 2ª edição da Bahia Juniors Cup, competição que irá reunir tenistas brasileiros e de outros 16 países, a partir da próxima segunda-feira (22/10), até o domingo (28/10). A competição infanto-juvenil masculina e feminina contará com cerca de 220 competidores da África do Sul, Argentina, Azerbaijão, Bielorússia, Bolívia, Brasil, Chile, Chipre, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Holanda, Portugal, Rússia, Turquia, Uruguai e Venezuela. A categoria 12 anos é nacional e vale pontuação G2 no ranking da CBT (Confederação Brasileira de Tênis), já as categorias 14 e 16 anos são sul-americanas e valem pontuação G3 no Circuito Sul-americano, enquanto a categoria principal 18 anos, vale pontuação G5 no Circuito Mundial Júnior da ITF (Federação Internacional de Tênis). Foto_Paulo_Neves_Ascom_Sudesb
Assim como a primeira edição, que aconteceu em outubro de 2011, esta segunda também conta com o apoio do Governo do Estado, por meio da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia - Sudesb. E é realizada pela Federação Bahiana de Tênis e tem a supervisão da CBT.
O baiano Leonardo Menezes ganhou o título da categoria até 14 anos da primeira edição da competição. Os paulistas Nicolas Chan e Victor Leite ganharam as categoria até 12 e até 16 anos, respectivamente. O mineiro Vitor Gonzaga, por sua vez, ficou com o título da categoria até 18 anos. No feminino, Luiza Souza também garantiu o título para a Bahia na categoria até 14 anos. Ao lado da também baiana Júlia Overbeck, venceu ainda a competição em duplas da categoria. Na categoria 18 anos, a paulista Giovanna Baccarini levou a melhor, enquanto a paulista Samantha Czarniak Rego e a carioca Ingrid Martins conquistaram o título em dupla.Nas duplas masculinas, o baiano Evaldo Neto venceu a categoria até 16 anos, junto com o goiano Eduardo Felter, enquanto os baianos Leonardo Menezes e Lucas Cruz venceram a categoria até 14 anos. Na 18 anos, Felipe Frias e Pedro Lima Wagner foram os campeões.
Fonte: Ascom/Sudesb

BAIANOS PARTICIPAM DE MARATONA PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO PARANÁ


Foto_Marcus_Carneiro_Ascom_SudesbTrês baianos participaram da Maratona Internacional de Foz do Iguaçu (PR), para pessoas portadoras de deficiência visuais e de cadeiras de rodas. A corrida, que teve um percurso total de 42.195 metros, teve a largada no Mirante do Vertedouro da Itaipu Binacional e chegada no Parque Nacional do Iguaçu no Paraná. O baiano José Bonifácio, de 41 anos, chegou em terceiro lugar, Alfredo Santos, de 56 anos, veio logo atrás, com o quinto lugar. Na categoria para pessoas de cadeiras de rodas, Angelina Nascimento, conquistou o segundo lugar. Com muito sacrifício e força de vontade, eles viajaram por mais de 55 horas, de Salvador à cidade de Foz do Iguaçu, no estado do Paraná. Foi a terceira participação de José e Alfredo na competição. José explica que a maior dificuldade na competição é conseguir um guia. "É muito difícil achar um guia, voluntário, que consiga seguir o nosso ritmo. Eu, por exemplo, perdi cerca de oito minutos de prova, até que um voluntário se dispusesse a me guiar na prova. Acho que teria um melhor desempenho se não tivessem acontecido esses problemas", comentou. Mesmo com todas as dificuldades que eles enfrentam, Alfredo fala da importância de participar de um evento desse porte e da felicidade de continuar praticando esportes. A Maratona Internacional de Foz do Iguaçu tem o objetivo de promover a inclusão e igualdade desses atletas. "Considero a melhor maratona do Brasil. Já participei da Meia Maratona São Silvestre, entre outras corridas, mas essa, pelo fato de eu me sentir bem, sem nenhum preconceito, competido igualmente, me deixa muito feliz", disse Alfredo.

Fonte: Sudesb

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O ENSINO DO ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Ao analisarmos a história da Educação Física, vê-se que o ensino do esporte na escola foi justificado por interesses governamentais, designando-se a ela o local onde talentos esportivos seriam descobertos. Este período, caracterizado por Ghiraldelli Júnior (1988) como competitivista, teve seu auge nos anos de 1964 a 1984, momento em que se viveu a ditadura militar e no qual se fez uso do esporte como forma de demonstrar que éramos um país em ascensão. Para tal, buscaram ampliar as conquistas em competições internacionais, tais como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo de Futebol.
 
A formação dos professores de Educação Física, nos modelos curriculares de 1939 e 1969 (Pereira Filho, 2005), foi direcionada para a área esportiva, visando à formação de técnicos esportivos. Essa formação é o que Darido (2003) chama de tradicional-esportivo, que enfatiza disciplinas práticas, o saber fazer para ensinar, e estabelece clara distinção entre teoria e prática.

 Nos anos oitenta, surgem novas diretrizes curriculares para os cursos de Educação Física (Resolução 003/1987), buscando-se ampliar a formação na área das ciências humanas que estava deficitária (conhecimento do homem, da sociedade e filosófico) e romper com a formação apenas técnica-esportiva.

 Mais de duas décadas se passaram. Vários autores têm discutido o esporte enquanto conteúdo da Educação Física (HILDEBRANT E LAGING, 1987; SOARES ET AL., 1992; KUNZ, 1991; 1994; ASSIS, 2001; NEUENFELDT, 2000), procurando rever procedimentos metodológicos em relação ao seu ensino e ampliar as possibilidades educacionais para além da aprendizagem dos gestos esportivos e sistemas táticos.

Em 2002 foram homologadas novas diretrizes (Resoluções do Conselho Nacional de Educação n.º 01 e n.º 02/2002) para os cursos de formação de professores de todas as áreas de ensino. Passa-se a se pensar na necessidade de que a formação de todos os professores, independente da disciplina que irão ministrar, possua uma base comum. No caso da Educação Física, quer-se que o professor se aproxime das discussões pedagógicas, que dialogue e participe do PPP.

No curso de Educação Física da UNIVATES, Graduação em Educação Física – Docência em Educação Básica – Licenciatura, destaca-se a preocupação com a formação de profissionais para atuar na Educação Física Escolar, apesar de não excluir a formação para a área não escolar. Assim, espera-se que o esporte seja visto como um recurso pedagógico, e não como fim em si mesmo.

    Dessa forma, frente a uma sociedade em que o esporte de rendimento é hegemônico e tem como características a sobrepujança, a busca de vitórias a qualquer preço, que prima pela individualidade (Kunz, 1994), questionamos:
    Qual(is) compreensão(ões) sobre o ensino do esporte na escola que os acadêmicos do curso de Educação Física da UNIVATES possuem? O que enfatizam ao ensinar os esportes na escola?
    Diante desse contexto, estabelecemos como objetivo do estudo analisar a compreensão pedagógica sobre o ensino dos esportes coletivos na escola dos acadêmicos de Educação Física que estão atuando no Estágio Supervisionado II, Ensino Fundamental – Anos Finais e relacionar com a sua prática pedagógica.

Método de pesquisa
    Este estudo caracteriza-se como qualitativo. Para Minayo (2004), a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, e isso se refere a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos, os quais não podem ser quantificados.

Participantes do estudo
    Optou-se pelo estudo de casos. Selecionaram-se três acadêmicos do curso de Educação Física da UNIVATES que já haviam concluído no mínimo três quartos do curso (75%). A escolha desses acadêmicos deve-se ao fato de, conforme a matriz curricular do referido curso, já terem cursado praticamente todas as disciplinas relacionadas aos esportes coletivos ou didático-pedagógicos e estarem realizando o Estágio Supervisionado II, Ensino Fundamental – Anos Finais. Um dos acadêmicos selecionados realizou o estágio individualmente com uma turma de 8ª série. Os outros dois atuaram conjuntamente com duas turmas de 7ª séries. Ambas escolas são da rede estadual de ensino.

Técnicas e procedimentos de coleta de informações
    Para o desenvolvimento deste estudo foram coletadas informações mediante o uso de questionário, entrevistas e observações.
    No semestre A de 2007, os acadêmicos investigados neste estudo responderam a um questionário contendo oito questões abertas.

    Posteriormente, no semestre B, durante o estágio, além das observações da prática pedagógica, realizaram-se entrevistas que foram gravadas, transcritas e entregues aos informantes para que pudessem ler e validar as informações. Eles também tiveram a liberdade para acrescentar ou excluir trechos de suas falas. A entrega aos informantes foi feita em cópia impressa ou via e-mail, buscando o recurso que o entrevistado considerasse mais cômodo.

    Em todas as situações de coleta de informações os estagiários foram comunicados do objetivo do estudo, leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética da Univates.

Análise das informações
    A partir das informações obtidas com os questionários, entrevistas e observações foram elaboradas categorias de análise que, conforme Minayo (2004), significa agrupar elementos, idéias e expressões em torno de um conceito com características comuns, ou que se relacionam entre si. Além disso, fez-se a triangulação das informações coletadas pelos vários instrumentos correlacionando com o referencial teórico e o PPP do curso de Educação Física. A esse processo denominamos triangulação (Triviños, 1987).

    Na apresentação dos resultados, para preservar a identidade dos participantes, utilizamos os códigos estagiário 1, 2 ou 3.

A história de vida e a relação com o esporte
    É importante frisar que a construção de uma concepção de esporte não se dá apenas ao cursar uma graduação em Educação Física. Vários fatores podem influenciar, entre eles as vivências nas aulas de Educação Física na Educação Básica, a participação como atleta em competições e a experiência como professor. Por isso, torna-se importante trazer algumas lembranças dos três estagiários do estudo enquanto alunos no Ensino Fundamental (E.F.) e/ou Médio (E.M.), e/ou como atletas relatadas nos questionários.

    Em relação à Educação Física escolar, os acadêmicos praticaram os esportes coletivos mais tradicionais ou culturalmente predominantes. Não apontam más recordações em relação à forma como foram ensinados. Isso pode ser confirmado nas respostas abaixo:
    No meu Ensino Fundamental fui incentivado e levado apenas a praticar o futebol e voleibol. Fiz parte do time de voleibol da escola que participava das interséries disputadas com outros municípios [...] No Ensino Médio, meu contato com o desporto foi menor devido a cursar magistério e fui levado a conhecer a praticar os jogos de recreação, porém, pela primeira vez, tive contato com o handebol e basquetebol (Estagiário 1, 15/05/2007).
    Durante minha adolescência na escola vivenciei diversas atividades como atletismo, handebol, futebol, voleibol. O futebol foi o esporte mais marcante, pois praticava-o diariamente no horário oposto à escola (Estagiário 2, 27/04/2007).
    Na questão da prática esportiva, por minha parte, sempre foi muito bem aproveitada, dentro do ensino fundamental. Praticávamos as práticas mais comuns, menos o basquetebol. A professora era bem fundamentada, sendo sua principal modalidade o vôlei. [...] A questão atleta, se resume uma vez por semana sendo o futsal e, nos finais de semana (Estagiário 3, 06/04/2007).
    Em relação à escolha da profissão "Educação Física", Figueiredo (2004) diz que vários são os fatores que levam à escolha do curso de Educação Física, tais como: maior facilidade de ingresso em relação a outros cursos, incentivo de irmãos ou de pais que são professores de Educação Física. Contudo, predomina a ligação com o esporte de alto nível ou com a experiência escolar voltada com esta área de saber. Além disso, comenta que as experiências sociocorporais dos alunos agem como um filtro no processo de formação, orientando escolhas e definindo interesses, influenciando na trajetória acadêmica. Também Tardif (2002) comenta sobre a importância das experiências familiares e escolares, como alunos, anteriores à formação inicial na aquisição do saber-ensinar. Isto leva os futuros professores a adquirirem crenças, representações e certezas sobre o ofício de professor e o que é ser aluno.

Formação acadêmica
    Ao se instigar os acadêmicos/estagiários a pensar sobre a sua aprendizagem (princípios norteadores, vivências, discussões...) nas disciplinas dos esportes coletivos (futebol, futsal, voleibol, basquetebol, handebol) do Curso de Educação Física da UNIVATES e que lhes auxiliaram a (re)pensar o ensino do esporte na escola, obtivemos destaque para as questões metodológicas que buscam adaptar o esporte, visando à inclusão, à cooperação e à co-educação. Isto se percebe nas seguintes falas:

    Uma vivência que marcou foi o basquete, pois quando eu era criança praticava o basquete no clube como atleta. Após, muito tempo depois, quando retornei a praticar na faculdade, comecei a relembrar atividades que realizávamos e vi que o professor conseguiu trabalhar o jogo de maneira que não seria 'regrado' e sim modificado para tal prática (Estagiário 3, 06/04/2007).
    É fundamental trabalhar juntamente com todos os alunos, buscando um trabalho coletivo envolvendo meninos e meninas (Estagiário 2, 27/04/2007).

    "Acho importante os alunos conhecerem os fundamentos e algumas regras do esporte a ser trabalhado, porém, procurando sempre e visando à inclusão, à cooperação, pois não podemos esquecer que cada aluno é um ser especial e, assim como nós, ele tem potencialidades, habilidades e dificuldades que devem ser valorizadas e respeitadas. Devemos atentar muito mais para a expressão corporal de cada aluno, do que para a perfeição da técnica (Estagiário 1, 15/05/2007).
    A preocupação com um olhar diferenciado em relação ao esporte na escola é marca do curso de Educação Física da UNIVATES, que vem acompanhando as discussões do assunto na área. Os acadêmicos destacam nas disciplinas dos esportes coletivos as reflexões, vivências e ações metodológicas que buscam repensar os valores do esporte de rendimento em relação à Educação Física escolar. Ao recordarem das aulas dos esportes coletivos na graduação, prevalecem as preocupações em relação à inclusão, respeito mútuo, cooperação, em detrimento da ênfase na competição. Esta concepção foi detectada no momento em que lhes foi perguntado a forma como concebem o ensino do esporte na escola. A ênfase dada aos conteúdos atitudinais se sobressaiu em relação ao processo de ensino-aprendizagem dos fundamentos técnicos específicos de cada esporte (NEUENFELDT E PACE, 2007).

Aqui, também cabe acrescentarmos que concordamos com Vago (1996/2). Ele acredita que a escola como instituição social pode produzir uma cultura escolar de esporte que, ao invés de reproduzir as práticas hegemônicas na sociedade, estabeleça com elas uma relação de tensão permanente, intervindo na história cultural da sociedade. Assim, a Educação Física escolar deve buscar desenvolver um esporte que atenda aos seus objetivos e não a objetivos externos. Devemos acreditar que isso é possível e que se pode levar essa forma de conceber o esporte para fora dos muros da escola.

Docência no Estágio Supervionado II
    Após analisarmos um pouco da história de vida e da formação acadêmica dos estagiários os questionamos sobre os objetivos que traçaram para os seus alunos no período do estágio em relação ao ensino dos esportes. Obtivemos as seguintes preocupações:
    Oportunizar novas vivências como handebol, voleibol, futsal, basquetebol, documentários sobre saúde. Variações, trabalhar com equipes mistas, não havendo equipes masculinas e femininas. Adaptando regras diferentes no jogo, adaptando o jogo para a inclusão, sendo que todos alunos dentro do jogo deverão tocar a bola um para o outro (Estagiários 2 e 3, 25/09/2007).
    Acredito ser importante conhecer os fundamentos do esporte, porém, também levá-los a refletir sobre o mesmo, buscando vivenciar o jogo de outras formas, como, por exemplo, realizar um jogo de voleibol humano, experimentar jogar voleibol utilizando lençóis (Estagiário 1, 15/05/2007).
    Evidencia-se entre os estagiários a preocupação em proporcionar aulas em que o esporte atenda aos objetivos de uma educação cidadã. Este se reflete na preocupação com os conteúdos atitudinais, que se sobressaem em relação ao processo ensino-aprendizagem dos fundamentos técnicos específicos de cada esporte. Nas aulas observamos as seguintes situações:
    O professor reúne os alunos e conversa com eles: "Cada um tem um jeito de jogar. Cada um é um ser especial. Devemos respeitar os colegas em suas habilidades. Se alguém não está conseguindo jogar não esculache. Estamos para aprender uns com os outros" (Observação 3 do Estagiário 1, 22/10/07).
    Com uma bola, o estagiário orienta a atividade que é o jogo dos dez passes: "Não poderão trocar passes os mesmos alunos do grupo, ou seja, a bola deverá passar por todos os integrantes do grupo". A partir da intervenção, a bola passa nas mãos de meninas para meninos e vice-versa. Ele também, no final da aula, abre espaço para os alunos expressarem o que acharam das vivências. Pergunta: "[...] gostaram ou não gostaram? O que poderia melhorar ou ser mudado? (Observação 01 do Estagiário 3, 11/09/07).
    O professor orienta que 'ambos os grupos fiquem em fileira, uma de frente para a outra, e deverão jogar a bolinha para o outro lado da fileira. Importante: não pode chutar a bolinha!'. Em outro momento ele completa. 'Este é um jogo de cooperação, todos devem trabalhar juntos' (Observação 03 do Estagiário 2, em 25/09/07).
Ao interpretar os objetivos traçados pelos estagiários e relacionar com as aulas observadas identifica-se coerência. Os fundamentos técnicos e táticos dos esportes são considerados importantes, mas não é exigida a perfeição. É importante salientar que o fato de as teorias críticas da Educação Física se contraporem ao modelo do esporte de rendimento para as aulas de Educação Física escolar, isso não implica em deixar de ensinar os elementos técnicos. Conforme Bracht (2000/1) ao se referir à interpretação das abordagens críticas da Educação Física escolar, um dos equívocos foi acreditar que tratar criticamente o esporte nas aulas de Educação Física é ser contra a técnica esportiva.

    Contudo, os alunos do Ensino Fundamental trazem consigo a compreensão do modelo do esporte de rendimento, necessitando da intervenção dos estagiários. Isso aparece nas situações abaixo:
    Durante o jogo dois alunos, um rapaz e uma moça, se desentendem pela cobrança de resultado dele em relação ao jogo. Ela sai da quadra. Ele tenta ir atrás e conversar, mas ela foge. A professora vai conversar com a aluna e após com o aluno (Observação 03, Estagiário 1, 22/10/07).
    Durante o jogo, uma aluna questiona a professora. "Professora, estão mal distribuídas as equipes". A professora completa: "Vamos apenas jogar". A aluna se retira do campo. A professora pede que a menina volte a jogar com as companheiras. Neste momento as alunas da equipe contrária se manifestam: "Não sabe perder, não sabe perder". A professora pede para a aluna. "Venha jogar, pois suas colegas precisam de você, se não elas ficarão em desvantagem no jogo (Observação 05, Estagiário 2, 02/10/07).
    O esporte deve, conforme Hildebrandt-Stramann (2001), ser transformado em objeto didático, tendo objetivos pedagógicos que permeiam a relação entre professor e aluno. Isso significa analisar o esporte como algo socialmente regulamentado, a ser aprendido, a que se assiste, a ser refletido e a ser modificado.

        Dessa forma, é importante buscar espaço para a discussão com os alunos dos princípios do esporte de rendimento construir práticas esportivas pautadas em princípios como a inclusão, a co-educação, a cooperação e a ludicidade. Kunz (2000) sugere no esporte, ainda que pelo menos por uma pequena parte, que este possa pertencer ao âmbito da arte, utilizar-se do movimento sem obrigatoriedade de render, desenvolvendo para o praticante uma forma livre de movimentos em diferentes contextos e formas, com prazer e alegria, e, realizado de forma bem sucedida, seria alcançado rendimento necessário, mas não obrigatório.

Considerações finais
    Ao analisar a compreensão e a docência do esporte na escola pelos três estagiários, nota-se que a preocupação do ensino de atitudes, normas e valores em relação à aprendizagem das técnicas esportivas. Isso se caracteriza como uma marca do curso de Educação Física da UNIVATES. Porém, a aprendizagem dos gestos próprios dos esportes não é descartada, mas não evidenciamos uma preocupação com uma execução perfeita, ou seja, deseja-se um aprendizado básico que possibilite ao aluno usufruir desta cultura do movimento: o esporte. Este ensino é feito a partir de modificações e adaptações na estrutura formal dos esportes, além do uso de jogos e brincadeiras como recursos pedagógicos.

    Podemos afirmar que, em parte, tal mudança de paradigma é influenciada pela concepção pedagógica do ensino dos esportes que se apresenta no currículo do Curso de Educação Física da UNIVATES (PPP, 2007). Porém, também o perfil dos acadêmicos que está ingressando não é mais o mesmo de décadas atrás, ou seja, ser atleta não é mais pré-requisito para ser professor. Isso é fruto do modelo de formação oferecido que não exige o "saber fazer" para ser professor, rompendo com a tradicional formação esportivizada (Darido, 2003), mas que não descarta a necessidade de conhecimentos didático-pedagógicos a serem construídos ao longo da graduação sobre o objeto de ensino da Educação Física: os esportes, as atividades rítmicas e expressivas, as lutas, as ginásticas e os jogos.

    Estamos vivendo um momento de consolidação de novas abordagens de ensino na Educação Física escolar que possuem visões diferenciadas da tradicional sobre o ensino do esporte. Temos que ficar atentos quanto à forma que se dá o processo de estabelecimento de novo paradigma, que geralmente ocorre a partir da negação do anterior, e a forma como os acadêmicos o compreendem. Por isso, é necessário ter clareza ao ler e ao utilizar as abordagens críticas da Educação Física, sobre o que se está propondo, pois, como Bracht (2000/1) escreveu, alguns equívocos foram evidenciados e entre eles está a construção de uma imagem negativa do esporte de rendimento, da associação direta do ensino das técnicas esportivas com metodologias tecnicistas e, em contrapartida, a associação apenas à ludicidade de virtudes, tais como: prazer, espontaneidade, liberdade e verdadeira humanização.

    O reconhecimento, no entanto, de que na aula de Educação Física escolar o esporte é conteúdo para todos e não para alguns é um avanço. Por isso, necessitamos esclarecer a sociedade sobre o que temos a propor em relação ao ensino do esporte na escola. Se tivermos clareza ao responder "o que ensinamos e por que ensinamos", estaremos dando um passo importante na redefinição do papel da Educação Física na escola.

Referências bibliográficas
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