Correria, termo utilizado para designar um modo atual de viver em cidades, é a metáfora de uma ideologia.
Esbaforido, o colega que passa por mim responde quando lhe pergunto como está: “Na correria”. E segue apressado como se dele dependesse a salvação do mundo.
Correria é um papel social, um ritmo coletivo de ação, ao qual nos encaixamos para nos sentirmos adaptados. Claro que não é necessário viver no ritmo alucinante da correria para sermos eficientes, mas é o ritmo do organismo do qual fazemos parte. Se é uma doença, temos que ser doentes para nos sentirmos “bem”.
Não se trata de uma correria para chegar antes, mas para estar. Tanto quanto nosso coração tem um ritmo de bombeamento de sangue para garantir nossa existência, a correria tem um ritmo determinado de conduta que garante nossa participação no papel social das cidades em que vivemos.
Correria poderia mesmo ser o nome de nossa cidade.
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