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quarta-feira, 24 de abril de 2013

O ALUNO COMO CENTRO DA EDUCAÇÃO



Em educação, minha lógica é simples: as pessoas devem ser educadas a partir daquilo que são, para se tornar o que ainda não são, e estou pensando que devem aprender a viver uma vida boa, ética, cidadã. Uma boa vida, para mim, é aquela que é vivida como se não houvesse sobras, aquela em que servimos os que necessitam mais que nós, aquela em que nada fazemos contra a vida, nem a nossa nem as dos outros. Uma vida em que fazemos tudo a favor da vida. Ou seja, mais que ensinar e aprender, no processo educacional o que existe é desenvolvimento. Se as pessoas devem ser educadas a partir daquilo que são num dado momento educacional, então todas as pessoas possuem, de alguma maneira, todos os conhecimentos. Se um aluno tem que aprender física, algo de física ele já sabe, mesmo que não saiba que sabe. Se ele tem que aprender geografia, sobre esse conhecimento ele tem algo na base. De modo que esses conhecimentos, que ele já possui, terão que se desenvolver, isto é, trata-se de um processo de expansão do que já está na pessoa. Em Educação Física isso é uma coisa clara. Quando queremos que uma pessoa tenha mais força nos braços, pedimos que ela faça séries de flexões apoiada no solo, por exemplo. Essa sobrecarga produzirá hipertrofia muscular. O resultado final é a presença de músculos mais fortes. Porém, esses músculos já estavam lá e já havia um certo nível de força. Nosso trabalho educacional só fez desenvolver o que já existia. Quando sugerimos um jogo que exige do grupo de alunos um esforço cooperativo, ao final do jogo os alunos saberão cooperar melhor, mas seria impossível fazerem isso se já não houvesse neles algum conhecimento de cooperação, por mais primário que fosse. Porém, de maneira geral, a educação formal faz o contrário disso. Exige que os alunos aprendam a partir daquilo que não são. É raríssimo que uma aula considere aquilo que o aluno é. O aluno que é brasileiro, o aluno que é paulista, o aluno que é santista, o aluno que mora no morro, o aluno que tem 8 anos, etc. O que é e o que sabe esse aluno, geralmente é ignorado. A escola exige que ele seja adulto, que seja imóvel, que seja sério, que seja europeu, que seja tudo, menos criança, menos aquela criança brasileira, paulista, etc. O aluno já sabe matemática, e a escola desconsidera isso; trata-o como se fosse começar tudo do zero. O aluno já sabe português, mas é como se não soubesse. O aluno já sabe brincar, mas, para a Educação Física, é como se não soubesse. É nesse sentido que o aluno deve ser o centro da educação.

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